15 DE JULHO DE 2024
Definição
A rosácea é uma doença inflamatória da pele crônica e recorrente que envolve principalmente a parte as convexidades faciais, e que é caracterizada por vermelhidão frequente, eritema persistente telangiectasias e pápulas ou pústulas inflamatórias.
Muitos pacientes procuram terapia devido à preocupação com o efeito da rosácea na aparência física. Como não há cura para a rosácea, o tratamento se concentra na supressão dos sintomas.
Epidemiologia da rosácea
A rosácea é uma doença comum observada com mais frequência em indivíduos com pele levemente pigmentada, geralmente a partir dos trinta anos, e o distúrbio ocorre mais em mulheres do que em homens.
Não se sabe se fatores como mascaramento da vermelhidão facial por pigmento cutâneo abundante, efeitos protetores da melanina contra a radiação ultravioleta (um fator de exacerbação da rosácea) ou diferenças genéticas na suscetibilidade à rosácea contribuem para a menor taxa de diagnóstico em pessoas com pele escura.
Patogênese
A disfunção do sistema imunológico inato pode contribuir para o desenvolvimento de inflamação crônica e anormalidades vasculares na rosácea. Essa contribuição envolve a produção de peptídeos anormais de catelicidina que possuem propriedades vasoativas e inflamatórias. Níveis aumentados de catelicidina foram detectados na pele de pacientes com rosácea.
As crises de vermelhidão súbita da face (flushing) ocorrem após variados estímulos como bebidas alcoólicas, particularmente o vinho, condimentos picantes e situações de estresse emocional. Trata-se de um evento puramente funcional, sem substrato anatômico, resumindo-se a um aumento do fluxo sanguíneo no setor arterial que precede a alça capilar, sem provocar edema (não é urticariforme). As telangiectasias ocorre devido a angiogênese endotelial, ampliando a rede capilar localizada nas papilas dérmicas e na derme superficial.
A exposição ao sol é frequentemente citada como um fator de exacerbação da rosácea, com base na distribuição de lesões na pele cronicamente exposta ao sol, na detecção de sinais de elastose solar em amostras de biópsia de pele e na aparência preferencial da doença em indivíduos esfolados. Além disso, há fortes indícios de componente genético, pois indivíduos com histórico familiar de rosácea podem ter maior probabilidade de desenvolver o distúrbios.
Quadro clínico da rosácea
Pacientes com rosácea podem apresentar eritema centrofacial com vermelhidão crônica do nariz e bochechas mediais.O envolvimento de outros locais, como orelhas, face lateral, pescoço, couro cabeludo e tórax, ocorre ocasionalmente.
Os pacientes relatam com frequência ardor ou queimação na região afetada, além de apresentarem qualidade seca da pele, manifestando-se como aspereza e descamação. A medida que o tempo passa e os episódios constantemente se repetem, começa a ser percebido as telangiectasias.
Com o correr dos anos vão surgindo pequenas pápulo-pústulas, nitidamente foliculares, mas que diferem das lesões acneicas. A diferença é que não há formação de comedões, como também não há resolução espontânea. Se não forem manipuladas, persistem por tempo indeterminado.
A forma fimatosa é um subtipo de rosácea que apresenta hipertrofia tecidual manifestando-se como pele espessada com contornos irregulares.
O envolvimento ocorre mais comumente no nariz (rinofima), mas também pode ser observado em outros locais, como o queixo (gnatofima), testa (glabelofima) e bochechas.
Os pacientes que desenvolvem a rosácea fimatosa geralmente apresentam hiperplasia sebácea proeminente e pele muito oleosa. A grande maioria dos pacientes com rosácea fimatosa são homens adultos.
O envolvimento ocular ocorre em mais de 50 por cento dos pacientes com rosácea. As manifestações que sugerem fortemente a rosácea incluem telangiectasias da margem palpebral, injeção conjuntival interpalpebral, infiltrados em forma de pá na córnea, esclerite e escleroceratite.
Diagnóstico da rosácea
A avaliação clínica do paciente geralmente é suficiente para o diagnóstico de rosácea. Os critérios diagnósticos incluem a presença, no centro da face, de um ou mais dos sinais clínicos como flushing, eritema não transitório, pápulas e pústulas e telangiectasias.
Há variações individuais, tornando a rosácea uma entidade altamente heterogênea. Os achados histopatológicos cutâneos na rosácea são inespecíficos e as biópsias de pele raramente são indicadas.
Eventualmente, a biópsia pode ser necessária para descartar outra patologia com quadro clínico semelhante, por meio do exame histopatológico que pode ser realizado em casos duvidosos.
Tratamento da rosácea
Não há cura para a rosácea, mas há tratamento e controle, Os pacientes devem ser educados sobre como evitar o rubor, cuidados suaves com a pele e proteção solar.
A camuflagem cosmética é um complemento útil para alguns pacientes. Se o eritema facial persistente não melhorar o suficiente com as mudanças comportamentais, as intervenções terapêuticas podem ser úteis.
Para pacientes que desejam uma terapia tópica para eritema facial que possa ser autoadministrada, é sugerido o tratamento com brimonidina tópica. Laser ou luz intensa pulsada são opções adicionais de tratamento efetivo para eritema facial e telangiectasias.
Para pacientes com rosácea leve a moderada manifestando-se com pápulas e pústulas, sugerimos o tratamento com metronidazol tópico , ácido azelaico ou ivermectina tópica.
O menor custo do metronidazol em gel a 0,75% em comparação com o ácido azelaico e a ivermectina favorece o uso inicial do metronidazol.
Para pacientes que apresentam várias pápulas ou pústulas ou que têm doença mais branda que não melhora com agentes tópicos, pode ser indicado o tratamento com tetraciclina, doxiciclina ou minociclina orais por 4 a 12 semanas. Pacientes com pápulas ou pústulas refratárias podem se beneficiar do tratamento com isotretinoína oral.
Fonte: Sanarmed